sábado, 18 de outubro de 2008

O Velho Santa Cruz

Eu nasci à sombra da Velha Torre e cresci com o chorar da Velha Cabra. Desde tenra idade que me habituei a subir a Sereia para ir ver os "miúdos" da Velha aos domingos de manhã. À tarde descia ao Calhabé para no, saudoso, Quintal do Castro sofrer com os mais velhos.
São gratas as recordações desses tempos, da inocência que eu tinha e da pureza, que se começava a desvanecer, do futebol de então.
Foi nesse recanto da Sereia que começou a germinar em mim esse bichinho álacre e sedento que é a paixão pela Académica, a nossa Velha, a nossa Negra, a nossa Briosa.
Vi aí crescer algumas gerações de miúdos - como eram chamados pelo grande Académico Vítor Manuel - que mais tarde equiparam de Negro nos séniores e muitas alegrias nos deram intervaladas com tristezas. Mas a Académica também é isso, o fado, o fatum, o destino. E isso tudo me foi sendo ensinado nos degraus frios e húmidos encostados ao muro da Sereia.
Por isso os últimos nove anos foram de algum sofrimento interno e de muita nostalgia por ver quele espaço que faz parte do nossso imaginário académico votado ao abandono.
Hoje, dia 18 de Outubro de 2008, foi um dia de festa, foi bonito pá, o velhinho mas remoçado Santa Cruz voltou a encher-se de Negro, voltou a viver, e com ele a nossa alma Académica ficou, ainda, mais negra, ainda mais reluzente.
Para ti, Velho Campo de Santa Cruz, com toda a pujança e com toda a cagança aqui sai um F.R.A.

Sem comentários: