terça-feira, 10 de junho de 2008

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidade Portuguesas

Uma vez mais caiu-lhe a máscara de domocrata com a qual se tenta disfarçar há mais de 20 anos.
Enquanto milhares de compatriotas se exilavam, sem a família, por motivos económicos e/ou ideológicos ele passeava-se pelas ruas de Lourenço Marques, de máquina fotográfica em punho, acompanhado de sua mulher, a retratar um país com um regime que ele não sabia moribundo.
Os Democratas lutaram por um País, ele serviu um regime.
A todos os que o continuam a eleger, dedico um poema de Jorge de Sena.

A Portugal

Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.

Nem é ditosa, porque o não merece.

Nem minha amada, porque é só madrasta.

Nem pátria minha, porque eu não mereço

A pouca sorte de nascido nela.

Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta

quanto esse arroto de passadas glórias.

Amigos meus mais caros tenho nela,

saudosamente nela, mas amigos são

por serem meus amigos, e mais nada.


Torpe dejecto de romano império;

babugem de invasões; salsugem porca

de esgoto atlântico; irrisória face

de lama, de cobiça, e de vileza,

de mesquinhez, de fatua ignorância;

terra de escravos, cu pró ar ouvindo

ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;

terra de funcionários e de prostitutas,

devotos todos do milagre, castos

nas horas vagas de doença oculta;

terra de heróis a peso de ouro e sangue,

e santos com balcão de secos e molhados

no fundo da virtude; terra triste

à luz do sol calada, arrebicada, pulha,

cheia de afáveis para os estrangeiros

que deixam moedas e transportam pulgas,

oh pulgas lusitanas, pela Europa;

terra de monumentos em que o povo

assina a merda o seu anonimato;

terra-museu em que se vive ainda,

com porcos pela rua, em casas celtiberas;

terra de poetas tão sentimentais

que o cheiro de um sovaco os põe em transe;

terra de pedras esburgadas, secas

como esses sentimentos de oito séculos

de roubos e patrões, barões ou condes;

ó terra de ninguém, ninguém, ninguém:

eu te pertenço. És cabra, és badalhoca,

és mais que cachorra pelo cio,

és peste e fome e guerra e dor de coração.

Eu te pertenço mas seres minha, não.


[Jorge de Sena]



1 comentário:

Anónimo disse...

fecha a boca cabrão